Hoje é aquele dia que astronomo nenhum coloca defeito, pois ocorrem três eventos astronômicos: O equinócio de outono, o perigeu da Lua e o eclipse do Sol. Mas o que são e como ocorrem tais fenômenos?
Começamos, então, pelo equinócio de outono, que marca o final do verão ( =( ) e o início do outono. O nosso planeta possui um eixo de rotação que está inclinado 23,5 graus em relação ao plano da elíptica (a órbita que a Terra percorre ao redor do nosso Sol). Por causa disso, dependendo do ponto em que a Terra está na sua órbita, um pólo estará mais próximo do Sol do que o outro, e algumas partes serão mais ou menos iluminadas pelo Sol. Quando os pólos terrestres estão com a mesma distância do Sol, os dois hemisférios da Terra serão iluminados com a mesma quantidade de luz.
Imagem 1: A iluminação do Sol sobre Terra durante os solstícios e os equinócios.
(http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/Image51.jpg - Acessado em 20/03/2015)
Isso significa que as noites e os dias terão a mesma duração, e aí está o significado do nome equinócio, em tradução livre "noites iguais". Da data do equinócio em diante, as noites começaram ser maiores ou menores dependendo do hemisfério. Para o nosso hemisfério, o sul, o equinócio é de outono e as noites começarão a ser maiores e os dias menores. Já para o norte, o equinócio é de primavera, e as noites serão menores, até a chegada do solstício (de verão para eles, de inverno para nós). O evento ocorreu hoje, às 19h45, horário de Brasília.
Agora o segundo evento, o perigeu da Lua. Dizemos que a Lua está no seu perigeu quando ela encontra-se em seu ponto mais próximo da Terra, já que sua órbita ao redor do nosso planeta é elíptica. Existe também o apogeu, que ocorre quando ela está no seu ponto mais distante. Dessa forma, a Lua está na sua fase nova, e no seu perigeu, que ocorreu dia 19 de março (ontem) às 16h39 (horário de Brasília), a uma distância de aproximadamente 360.000 km da Terra.
Ao contrário do que a mídia anda veiculando por aí, ontem não ocorreu a super Lua (fenômeno já registrado pelo observado pelo observatório neste link). A super Lua só ocorre quando a Lua cheia coincide com o perigeu, e como hoje também ocorreu um eclipse solar, possível só quando a Lua está na fase nova, fica óbvio que os dois fenômenos não podem acontecer no mesmo dia, não é verdade?
Imagem 2: Órbita elíptica da Lua mostrando seu Perigeu (mais próximo) e apogeu (mais distante).
(http://i.imgur.com/KlQyn.gif - Acessado em 20/03/2015)
Ao contrário do que a mídia anda veiculando por aí, ontem não ocorreu a super Lua (fenômeno já registrado pelo observado pelo observatório neste link). A super Lua só ocorre quando a Lua cheia coincide com o perigeu, e como hoje também ocorreu um eclipse solar, possível só quando a Lua está na fase nova, fica óbvio que os dois fenômenos não podem acontecer no mesmo dia, não é verdade?
Falando em eclipse solar, vamos então finalmente explicar o que ocorreu. O eclipse de hoje foi visível apenas no hemisfério norte, e teve seu máximo às 9h00, horário de Lisboa. O total foi visto apenas das ilhas Faroé, de domínio dinamarquês. Em outros lugares, como o resto da Europa, Àsia e Àfrica, o eclipse foi parcial. Abaixo está a animação da NASA que mostra a trajetória da sombra da lua sobre a Terra.
Animação 1: Trajetória da umbra e penumbra sobre a Terra, mostrando onde ocorreram os eclipses total e parcial do dia 20 de março de 2015.
( )
Mas como ocorre um eclipse solar? Bom, toda vez que a Lua passa entre o Sol e a Terra, ela pode estar mais abaixo ou mais acima da região onde pode projetar sombra sobre a Terra, isso por que a órbita da Lua ao nosso redor não coincide com o plano da elíptica, está inclinada 5,2 graus em relação à ela. Dessa forma, um eclipse solar só ocorre quando a Lua cruza essa região da órbita (chamada zona dos nodos) e está ao mesmo tempo entre a Terra e o Sol, fazendo com que não haja necessariamente um eclipse a cada vez que entra em sua fase nova.
Quando a Terra passa pela umbra (região onde não é iluminada pelo Sol) e a penumbra (região parcialmente iluminada pelo Sol), ocorre o eclipse total. Já quando passa apenas pela penumbra, ocorre o eclipse parcial. A região onde a umbra passa é estreita, aproximadamente 270 km de largura, por isso tão poucos lugares no mundo podem visualizar o eclipse total como o de hoje. O restante dos lugares vizinhos observa um eclipse parcial.
Como estamos no perigeu, a Lua oculta todo Sol, já que seu tamanho aparente no céu coincide com o da nossa estrela. Entretanto, caso estivéssemos no apogeu, a Lua produziria um eclipse anular, e este seria parcial. Abaixo um dos vídeos registrados e transmitidos do eclipse de hoje.
Ufa! O texto foi extenso, mas três eventos no mesmo dia explicam tanto assunto. Céu aberto a todos!
Laura, a falante.
Imagem 3: Esquema mostrando a ocorrência ou não dos eclipses solares de acordo com a posição da Lua na sua órbita ao redor da Terra.
(http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/temporadas-eclipses.jpeg - Acessado em 20/03/2015)
Imagem 4: Esquema mostrando as regiões de umbra e penumbra sobre a superfície da Terra.
(http://s4.static.brasilescola.com/img/2014/12/esquema-do-eclipse-solar.jpg - Acessado em 20/03/2015)
Como estamos no perigeu, a Lua oculta todo Sol, já que seu tamanho aparente no céu coincide com o da nossa estrela. Entretanto, caso estivéssemos no apogeu, a Lua produziria um eclipse anular, e este seria parcial. Abaixo um dos vídeos registrados e transmitidos do eclipse de hoje.
Vídeo 1: Registro em vídeo do eclipse solar do dia 20/03/2015.
(https://www.youtube.com/watch?v=FxelicbXP_4 - Acessado em 20/03/2015)
Ufa! O texto foi extenso, mas três eventos no mesmo dia explicam tanto assunto. Céu aberto a todos!
Laura, a falante.
O texto foi escrito com o auxílio do site Astronomia e Astrofísica.
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