quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Grande Nuvem de Magalhães

    Continuando com as imagens de verão, realizamos o registro da nossa vizinha e satélite, a galáxia anã Grande Nuvem de Magalhães. Nesse registros, fizemos 20 imagens de 8 segundos cada, com uma  Canon 60D numa montagem equatorial EQ2 motorizada, usando uma lente de distância focal 135mm em 135mm e abertura em f/5.6. O processamento foi feito no software Deep Sky Stacker, bem como seu pós processamento.

Segue abaixo o registro:

Grande Nuvem de Magalhães


Sobre o objeto
    A Grande Nuvem de Magalhães é uma galáxia satélite da nossa galáxia, a Via Láctea, e assim como ela, faz parte do Grupo Local, sendo a quarta maior galáxia do aglomerado. Ela possui fácil localização, principalmente no hemisfério sul, onde pode ser vista a olho nu em locais de baixa poluição luminosa, logo ao lado da estrela Canopus, na direção em que aponta a constelação do Cruzeiro do Sul. A mancha azul esverdeada na parte inferior na galáxia é a Nebulosa da Tarântula,  região de maior formação estelar de todo o grupo local.


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Laura Amaral

sábado, 23 de janeiro de 2016

Nebulosa Carina - NGC 3372

     Nessas férias, os telescópios do observatório tiram um descanso. Entretanto, o grupo SOFIA se mantem na ativa registrando o céu e explorando técnicas de registro e processamento de imagens. Na noite do ano novo, dia 31 de dezembro de 2015, registramos a Nebulosa Carina usando uma câmera Canon 60D não modificada (ou seja, com o filtro original de fábrica), uma montagem equatorial EQ2 motorizada e um intervalômetro.

  Como o alinhamento da montagem é feito manualmente, existe um erro associado ao acompanhamento da montagem com o céu, dessa forma não foi possível realizar exposições maiores que 14 segundos. Fizemos 43 imagens de 9 segundos cada, que empilhamos no software Deep Sky Stacker 3.3.4. (que pode ser baixado por aqui). Usamos 135mm de distância focal, f/5.6 de abertura,  e ISO em 2000. 

     Não utilizamos arquivos dark, flats, ou bias, e mesmo assim o resultado foi satisfatório, visto que podemos visualizar as estruturas da nebulosa. Entretanto, este foi a apenas um teste, pois adicionando tais arquivos ao processamento, eliminamos os hotpixels gerados pela câmera (através dos dark frames) e a vinhetagem da lente, que é alta em grandes distâncias focais como no nosso caso (atrávés de flat frames). Pretendemos também realizar um alinhamento cada vez melhor da montagem equatorial, o que rende longos tempos de exposição e assim maiores detalhes do objeto registrado.

    O resultado foi este:


Sobre o objeto

    A nebulosa Carina é uma nebulosa difusa, e pode ser vista na constelação da Quilha (português= quilha, latim= Carina), ficando abaixo da estrela Canopus e acima do Cruzeiro do Sul. Em regiões de baixa poluição luminosa(PL), como zonas rurais e distantes de cidades, ela pode ser vista a olho nú como uma tênue mancha avermelhada no céu, quatro vezes mais brilhante que a nebulosa de Órion. Ela possui a nebulosa Homúnculo, com um sistema binário no seu interior bem popular, Eta Carinae, que está prestes a tornar-se uma supernova ou ainda hipernova em alguns milhões de anos.

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Laura Amaral

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Limpando as placas corretoras

    Equipamentos para observação astronômica devem ter um zelo muito grande, já que são, além de caros, delicados. Dessa forma, é essencial que nós do Observatório SOFIA tenhamos de observar sempre se nossos equipamentos estão nas devidas condições de limpeza e conservação, para que possamos mantê-los sempre em condições de uso.

     Assim, no dia 3 de dezembro de 2015, o professor Dr. Fabrício Ferrari e eu (Laura) realizamos a limpeza da placa corretora dos dois telescópios que o observatório possui. As placas estavam com foco de fungos, o que pode ser muito grave caso não seja tratado, já que os fungos se alimentam do coating da placa (que é responsável por aumentar a transmissão de luz e melhorar o contraste, ou seja, melhora os registros e a observação do céu).

    O problema apareceu pois o observatório realiza as suas observações na rua, exposto diretamente ao orvalho e ao frio. Quando trazemos os equipamentos novamente para a sala onde os guardamos, por mais que sequemos os telescópios, o interior dos tubos está mais frio que a sala (que não possui climatização) causando condensação e portanto gerando um ambiente propício para fungos (felizmente, a obra do prédio onde ficará definitivamente o observatório está em andamento, e logo não teremos mais tais problemas \o/).

    É interessante deixar a lente que estiver com fungos exposta ao Sol, pois a radiação UV emitida por ele elimina o foco. Entretanto, como estávamos numa semana chuvosa, não tínhamos essa ferramenta à nossa disposição.

Para a limpeza das placas você vai precisar de:

  1. Água mineral (É preferível que seja a água destilada, mas não tínhamos a disposição)
  2. Bolinhas de algodão
  3. Álcool isopropílico/isopropanol (Dê preferência ao álcool isopropílico PA, que é 99,8% álcool)
  4. Luvas de borracha
  5. Lenços umedecidos, próprios para limpeza de lentes.
  6. Um ambiente seco (climatizamos o ambiente com um ar condicionado, mantendo o ar seco)
    Com cuidado para não cair nada sobre o espelho primário do telescópio, a placa corretora foi retirada e colocada sobre uma mesa com toalha limpa (Cuide também do secundário, ele fica instalado junto a placa, e estará exposto todo tempo durante a limpeza) . Observamos se não havia nenhuma impureza ou grão de areia que pudesse arranhar a superfície da placa quando passássemos o lenço ou o algodão (caso haja, utilize algo que sopre essas impurezas da superfície, existe peras sopradoras próprias para tal) e então passamos o lenço sobre a superfície, com o cuidado para não arranhar nem apertar demais a placa.

    Logo após, passamos o álcool isopropílico com o algodão e rapidamente passamos a água para retirar qualquer resquício do álcool ou do líquido do lenço sobre a placa. Procure passar a bucha de algodão uma vez apenas sobre a superfície, evitando fazer círculos, pois caso haja algum grão preso na bucha, ele não será arrastado sobre o vidro. Nunca use água corrente ou direto da pia de casa, ela pode conter impurezas que também danificarão o vidro da placa. Depois de seca, basta reinstalar a placa no telescópio (cuidado com o espelho primário, os parafusos de fixação da placa podem cair dobre ele!!!).

    No final, vimos que o coating havia sido devorado em um círculo de pouco mais de meio centímetro de diâmetro, mas nada preocupante. Como o espelho primário não apresentava nenhum problema, ele não precisou ser limpo. Telescópios como este possuem uma ótica delicada, que só deve ser limpa em casos extremamente necessários, ou seja, quando a limpeza trará mais benefícios do que danos. Limpar um espelho primário apenas devido a poeira é um risco desnecessário, pois durante sua manutenção ele pode sofrer avarias, como arranhões e até quedas (NÃOOOOOOO =( ).



Professor Fabrício limpando uma das placas corretoras

Placa corretora do telescópio de 12 polegadas

Nosso lindo Meade Schmidt Cassegrain 12", sem a placa corretora

Agrademos ao secretário Diego do nosso instituto, o IMEF, que foi muito prestativo ao pedir os materiais de limpeza para o instituto da química :).

Dúvidas? Sugestões? Achou algum erro? Comente!!! :)

Laura, a faxineira.